29 de junho de 2012

(no coração:)
a saudade aqui
é um verso carregado de ventania
que um dia resolveu partir

 nunca mais faltou ar

(no ouvido:)
M83 - I guess I'm floating

15 de junho de 2012

sou um amante declarado do agora.

12 de junho de 2012

Patologia.

Eu tive que procurar um médico.

- Doutor, estou doente. Me ajuda.
- O que você tem?
- Saudade.
 Eu mesmo me diagnostiquei mas não consegui curar.
 Existe um pulsar diferente no meu sangue que suponho ser um pouco mais intenso aqui do que em qualquer outro canto. Sabe aquilo que falam da paixão? Arrebatadora, implacável, sem hora, sem licença... Meu organismo preferiu sentir isso com a tal da saudade.
 Não tenho saudade de pessoas. De maneira alguma... Eu tenho rede social e uns versos pré-cozidos pra colar em murais desavisados.
 Meu problema é com o momento.
 O momento me tira o sossego. Ele me faz querer um chocolate que não fabricam, uma cerveja que não existe, um perfume que não encontraram. É uma vontade de não-sei-o-que que não há telefonema que resolva.
 Tentei me apegar desesperadamente na fotografia. Tentei colocar na imagem o sabor do momento, o cheiro do momento, o sorriso do momento, o extase do momento, a simplicidade do momento... mas não coube. Não encaixa.
Eu não sei o que fazer com o momento. Ele é cigano, não estaciona. Sempre vai. Só vai sem olhar.

 Sou só eu quem olha.

Quisera eu ter tido o livre arbítrio de não conhecer a palavra saudade. Quem sabe assim o sentimento fosse irrisório, sem fundamento, sem noção cognitiva.
Mas eu adoeci de saudade.
eu quis falar de honestidade. quis tacar pedra. quis estapear a cara. quis jogar pra cima e raquetear. quis julgar. quis apontar. quis gritar. até cair.