A nossa história começa aqui. Sentado mesmo. Estático mesmo. Sem dinâmica mesmo.
O autor só tem a escrever sobre o que está lá dentro. Recôndito. Interno mas transparente.
A nossa história começa com a Vontade. Mas não aquela de bala de coco caramelizada. Mas aquela que coça, que esperneia, que é mimada. A Vontade que não se cala. A Vontade que incomoda tal qual dor gástrica.
De nada seríamos sem a Vontade louca de viver. Vontade insana de se expandir. Vontade inescrupulosa de conhecer.
Comparemos, então, a Vontade às ligações covalentes dos átomos. Tal qual nitrogênio, é capaz de unir mais três elementos contaminados pela mesma incontrolável Vontade. Vontade do mundo. De tentar compactar o planeta num abraço.
Alertemos que a Vontade não é passível de controle. Qualquer remoto controle. Todo antígeno perece diante dela. E quando o corpo tentar contê-la por meio da dor, no instante seguinte ela lembra que é desvairada.
Chegada a hora, a Vontade levanta, coloca a mochila nas costas, veste o boot nos pés e nos encaminha para longe, bem longe daqui.