13 de agosto de 2012

A fábula por trás da cortina.


De todos os momentos da minha vida ainda pequena, pretendo descrever 30 segundos em que a respiração falha e o coração descompassa, tremendo.

É aquele instante após o abraço. A cortina se fecha, o palco escurece e o silêncio reina em cada movimento.

Posso sentir meu corpo vibrar de vontade. Transpira a dança pelos poros, aguardando o 8 correto para expandir, enquanto a platéia toma assento e sussurra os preconceitos que já pairam entre o leigo e o bem entendido.

Ali eu quis que o tempo se alongasse como a minha coluna. Quieto e na penumbra.

Ecoa uma turbulência naquele silêncio e tenho a sensação que minhas artérias estão prestes a explodir.

"Eu quero pulsar maior. Eu quero pulsar em RPM. Em beats, bytes, pixels, energia, suor, lágrima".

Cresce uma insanidade no peito de querer dar o salto mais alto, o passo mais largo, o giro mais preciso.

Eu só preciso de três campainhas agora. O sangue corrente chega a ser audível no momento em que ela grita, por três vezes, como eu esperava.

A luz esquenta o proscênio. A cortina revela a caixa aberta em que se encontram as expressões corporais ansiosas por voyeurs. E o ritmo conecta os ouvidos ao ritual que se consumirá nos próximos 50 minutos.

Me levanto, endireito os ombros e me abandono na cadência musical.

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