25 de setembro de 2012

o jardim dos vocábulos.

um dia encontrou, no meio daquele jardim de palavras, uma de significado peculiar: CON.FI.AN.ÇA.
ficou tão impressionado com o cheiro que exalava aquele vocábulo, que resolveu se aprofundar no caminho e seguir a rota que levava aquele odor.
pode perceber que diversas eram as palavras que possuíam a mesma beleza estética, mas seu olfato era atraído especialmente por aquelas quatro sílabas.
toda vez que, captado pelos seus olhos que, egoístas, queriam trazer a atenção da razão só para si, ele se apaixonava perdidamente por uma palavra de apurada beleza, percebia que seu caminho não era pautado pela mesma segurança que o cheiro da confiança lhe proporcionava. sempre que seus olhos lhe mostravam maravilhas, a estrada que percorria era espinhosa, desnivelada, irregular.
mas veja que um dia resolver pautar a estrada da vida no cheiro da confiança. fechou sua visão e abandonou-se no olfato, certo de que a rota agora estava preparada, exalando cheiro de certezas.
percebeu que certo estava o tal Drummond ao dizer que no caminho tinha uma pedra. mas, em absoluto, nunca tropeçou numa delas e caiu despedaçado no chão.
se caiu, caiu pra tomar consciência da superfície linear que era o caminho que trilhava. caiu pra entender que o joelho sustenta, que ferida cicatriza, que tem gente ao lado, que tropeçar e cair é corriqueiro.
jamais se arrependeu de ter aposentado a retina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário